Uma fada no Carnaval
A fadinha Fafá não gostava de viver na Floresta dos Encantos
pois todas as fadas novas tinham mudado de profissão. Como não tinha com quem
brincar, pôs-se a sonhar com uma terra cheia de gente, principalmente de
meninos da sua idade.
Quando chegou o Carnaval, pegou na varinha de condão e foi até à cidade, onde
havia festas animadas, desfiles, bailes. Nesse dia ninguém estranharia o seu
chapéu em bico e o vestido feito de raios de luar. Foi ter à rua principal,
onde passavam carros enfeitados de flores e a música tocava, Viu gente
mascarada de pirata, de esqueleto, de urso. No Carnaval, nada fica mal.
Atiraram-lhe logo papelinhos e serpentinas. Pregaram-lhe partidas.
Convidaram-na para dançar.
— Emprestas-me a tua varinha para eu fingir que tenho uma cana de pesca? —
pediu um garoto com trajo de pescador, que estava à beira do pequeno lago. A
Fafá emprestou, dizendo:
Varinha,
varinha,varinha de condão,
faz saltar do lago já
um tubarão.
Logo um peixe enorme, para espanto de todos, se pôs a pular como
se fosse puxado por uma linha invisível.
A fada e os novos amigos foram andando. Até que chegaram a uma jardim. Aí, uma
rapariga com um tambor pediu-lhe:
— Emprestas-me a tua varinha? Perdi o pau com que tocava.
A Fafá emprestou e disse:
Varinha,
varinha,varinha de condão,
põe todos os pássaros
a cantar uma canção.
Surgiram aves de todas as bandas. Mal a varinha de condão se
ergueu, um canto maravilhoso ecoou pelos ares, acompanhando o ritmo do tambor.
Ora no meio da multidão estava um ladrão que aproveitava a barafunda para
rapinar tudo o que viesse de valor. Já roubara três relógios, dois fios, uma
pulseira, sete carteiras. Tinha seguido a fada e assistira a tudo.
“A varinha parece mesmo mágica”, disse para os seus botões.
“Com ela vou fazer um roubo de arromba…”
Num gesto rápido, arrebatou a varinha e correu até o multibanco mais próximo.
Aquelas máquinas cheias de dinheiro são muito difíceis de rebentar. Já tinha
tentado isso duas vezes, sem sorte nenhuma. Mas com magia não ia custar nada.
Entusiasmado, tocou com a varinha de condão na máquina e declarou:
Varinha,
varinha, varinha de condão,
bate com força sem compaixão.
Só que a varinha de condão, em vez de estourar com a maquineta,
espalhando as notas pelo ar, começou zumba, zumba, a dar uma sova em quem assim
falava.
— Pára! — gritava o homem — Pára!
Quanto mais berrava e fugia mais a varinha de condão batia. Bem correu a fada
atrás do mariola mas tropeçou, pois só estava habituada a voar. Um rapaz
vestido de índio lançou-se atrás dele mas embateu na Menina do Capuchinho
Vermelho. Caíram os dois. Nem o Super-Homem o conseguiu alcançar.
Para ver se tinha paz, o ladrão entrou na primeira porta que viu escancarada.
Era a da esquadra da polícia.
— Metam-me na prisão! Prendam-me já! — suplicou ele, achando que só assim
conseguia escapar à malvada varinha de condão.
Os polícias, que andavam à procura dele, não hesitaram. Nesse momento, a
varinha de condão caiu ao chão e rebolou até à rua.
Rebolou por largos e avenidas, por ruelas escondidas. Por passeios, por
calçadas e praças ajardinadas. Onde estará agora?
A fada bem gostava de adivinhar, mas perdeu o condão. Já não faz magias.
Talvez tu, que me lês, encontres a varinha de condão. Que lhe vais pedir?
Diz alto, para nós ouvirmos:
Varinha, varinha, varinha de condão....
Mas pensa bem antes de formulares o teu desejo.
Luísa Ducla Soares
O Livro das Datas
Civilização Editora
Eu adorei este texto.
ResponderEliminarFoi fantástico. ....... .
ResponderEliminarFoi muito engraçado.
ResponderEliminarTambém divertido .......
ResponderEliminarE ainda magnífico.
ResponderEliminarAdorei ler este texto.
ResponderEliminarGostei muito deste texto
ResponderEliminarFascinante
ResponderEliminarAdorei
ResponderEliminarFantástico
ResponderEliminarFantabolastico
ResponderEliminarMagnífico
ResponderEliminarAdorei
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